Nos meus
atendimentos de planejamento financeiro um dos primeiros passos é entregar um
orçamento bastante simplificado onde o atendido lista suas receitas e despesas.
Esta folha é
respondida rapidamente, pois são contas que estão na nossa cabeça e no final
quando somamos juntos chegamos à conclusão que a despesa não está encaixando
com a receita.
O cliente fica
sem entender muito bem onde está o erro na planilha, tenta lembrar se faltou
considerar outra fonte de renda, se supervalorizou alguma despesa... Mas na
verdade, o que aconteceu será revelado ainda pior quando eu apresentar uma
lindinha caderneta intitulada “Diário do Consumidor”.
Neste momento,
as reações de negação são imediatas! Poucos foram os que disseram que fariam,
sem dificuldades, as anotações diárias.
Realmente é bem
chatinha! Eu confesso, já passei por isso algumas vezes, mas não tem jeito,
minha gente! Se não for desta maneira, passando este pente fino no nosso
controle diário de gastos, não saberemos onde o dinheiro está se perdendo.
É aquela
história, você vai ao médico controlar o colesterol, ou melhor, à nutricionista
e fala que não sabe com o que engorda, porque não é de comer besteiras, nem
liga para doces. Mas aí, belisca um pão de queijo no café da manhã ali, uma
lasanha aos 4 queijos com vinho aqui, fica horas sem comer, e aí ganhou uns
quilinhos extras. Ah tá bom, inocente!
Como não seria
possível contratar um detetive para controlar todos nossos hábitos, nós é que
precisamos nos ajustar se queremos ter uma vida mais saudável inclusive
financeiramente.
Então, repito,
não é legal, mas também não será para sempre! É só pelo período de 30 a 45
dias. Pois, como numa dieta de restrição, que não dá para seguir por muito
tempo, este método também tem este prazo limitado. O objetivo é que saiba o que
te faz gastar mais. Para evitar o desperdício.
Não digo que
deva cortar o cafezinho com uma porção pão de queijo, se é o que te faz feliz.
Mas sim, considerar que pode compensar esta despesa cortando outra que possa
ser supérflua.
Assim, como
naturalmente faria para as contas de consumo, buscando reduzi-las, são nos
gastos invisíveis que muitas vezes vão embora boa parte da nossa renda sem
percebermos. E somente quando fazemos este raio-X anotando cada gasto que temos
ao longo do dia é que podemos avaliar melhor.
A anotação
seria como no exemplo abaixo:
Mês: Julho
|
Dia: 01
|
|
Despesa
|
Valor:
|
Forma de PG
|
Ônibus
|
R$
3,30
|
Dinheiro
|
Pão+Café
|
R$
4,50
|
Dinheiro
|
Almoço
|
R$ 17,50
|
Débito
|
Café
|
R$
4,50
|
Dinheiro
|
Revista
|
R$
9,50
|
Débito
|
Sapateiro
|
R$ 10,00
|
Dinheiro
|
Lanche
|
R$
9,50
|
Dinheiro
|
Hortifruti
|
R$ 23,50
|
Crédito
|
Ônibus
|
R$
3,30
|
Dinheiro
|
Total
|
R$ 85,60
|
Percebe como
pequenas despesas ao longo do dia podem causar um rombo no orçamento mensal?
Considerando
que, de 20 dias úteis no mês, 10 tenham este gasto médio, serão R$ 856,00 com
miudezas. Ao final de um ano, isso representa R$ 10.272,00! Com este valor
daria para fazer uma boa viagem!
Como não
conseguimos viver sem nossas besteirinhas, futilidades e supérfluos sugiro que
defina dentro do seu padrão de vida um percentual mensal para este item.
Considere que dentro dele conterá os presentes de aniversário, jantares e datas
comemorativas. Cada um terá seu próprio número, e como padrão você pode limitar a 30%
da sua renda líquida.
Óbvio, antes de
tudo isso, TEM que separar aquela sua reserva financeira, que já citei por
aqui. É seu “presente para o futuro”, aquele para a realização dos sonhos,
senão nada disso terá sentido.
Uma pequena
mudança de hábito tem um efeito positivo já no presente. E se unir disciplina e
planejamento serão surpreendentes no futuro!
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