Vem cá! Vamos falar de Plus Size

     Eu jurei pra mim mesma que essa semana eu não causaria nenhuma polêmica, porque as próximas semanas serão de muita emoção pro meu coraçãozinho, mas diante dos fatos, não tenho como omitir minha opinião, porque muitos não sabem, mas há alguns anos andei desfilando meu corpinho pelo meio Plus Size. Foi uma passagem curtíssima, mas mesmo em pouco tempo consegui ver e ouvir umas coisas que me fizeram optar em não dar continuidade a minha carreira, que cá pra nós, não seria das mais brilhantes (sou baixinha demais, hehehe). Brincadeiras a parte, vou focar na parte séria da coisa.
     Sempre fui do tipo mignon, pequena e atarracada, e no meu primeiro ensaio fotográfico, uma algumas das plus models que lá estavam diziam que eu não era plus size. Cara, se eu não era plus size, eu era o que? Magra que não podia ser! Comecei a me sentir deslocada logo ali, porque não me encaixava no padrão de beleza comumente exposto, pois não era magra, mas em contrapartida, as Plus que eu acabara de conhecer não me reconheciam como uma delas também. Puta crise de identidade me bateu...
     O fato é que o termo, que nasceu lá pelos anos 70, faz uma alusão ao "tamanho maior" das mulheres mais curvilíneas e corpulentas, sem explicitar se eram gordas, ou a grade do manequim. Eu entendo que plus size é toda a mulher que está além dos manequins de passarela. É a mulher do dia a dia que não usa 36, 38 ou até mesmo o 40, porque sua fartura de curvas não caberia ali. Eu entendo que o termo ulus size deveria agregar, e não segregar. Tanto que existe hoje uma corrente que luta contra o termo, e querem que os grandões da moda se refiram as moças, ou rapazes, apenas como modelos, sem diferenciar se é Plus  ou não, sem segregar pelo peso ou manequim - e eu super apóio!
     Distorcer termos e expressões é meio cultural aqui em terras tupiniquins, e uma coisa que observei, mesmo de longe, é que o plus size deixou de ser um termo do mundo fashion e virou uma espécie de escudo de proteção, e muitas vezes pretexto ou justificativa, para mulheres acima do peso (algumas muuuito acima). "Eu não sou gorda, sou plus size!" E não acho que isso seja de todo ruim, e tiro por mim, que resolvi me aventurar por esse caminho porque eu sabia que isso seria um up para a minha autoestima, e foi mesmo. Mas conheci um monte de meninas descuidadas com a saúde, que estavam num grau crítico de obesidade, e que não se cuidavam. Obesidade é um estado que exige atenção pela infinidade de doenças crônicas ligadas a ela, e não só por uma questão estética.
     Outro problema é que junto com o modismo vem as consequências, e nesse boom do plus size, apareceu muita gente picareta oferecendo mundos e fundos pra tudo quanto foi gordinha, como se qualquer pessoa pudesse ser uma super star. E as lindonas, se agarrando a essa oportunidade, pagaram books, taxas de agências, e coisas do tipo para conseguir um lugar ao sol. E foi nessa que eu vi algumas pessoas se desiludindo. Alôôô! Gente, como em qualquer profissão que envolva imagem, é preciso ter um perfil. Nem toda menina alta e magra consegue ser modelo. E nem toda gordinha vai ser modelo plus size. Tanto para um caso quanto para o outro, o que conta é o conjunto. Cabelo, pele, fotogenia, corpo harmonioso... e principalmente jeito para a coisa. Isso eu saquei logo que não tinha. Além de ser baixinha, sou tímida demais para encarar as lentes das câmeras. Meu lugar é atrás delas mesmo.
     Se você pesquisar pelo termo hoje, vai achar quem diga que plus size é a mulher acima do 46/48. Mas e quem está no meio termo? E quem veste 40, 42 ou até mesmo 44 não é plus size? Não tem tamanho maior que os padrões impostos pela mídia comum? Porque magras elas também não são. O pior é que o preconceito começa entre as próprias modelos. A Carla Manso, que já é bem conhecida no meio, por já ter vencido concurso de miss Plus Size, e por trabalhar há bastante tempo modelando, estava hoje no programa da Fátima Bernardes relatando que vem sofrendo bullying porque perdeu 10 kg. Que isso minha gente? O fato de ela ter perdido uns quilos e ter ficado com um corpo mais enxuto não faz dela uma pessoa magra. Muito pelo contrário, acho que ficou ainda mais linda, com um corpo super harmonioso, que é o mais requisitado entre as modelos Plus lá de fora.
     Acho que a moda precisa ser mais inclusiva e menos exclusiva, ou excludente, afinal, quem movimenta essa máquina milionária somos nós, umas com mais dinheiro, outras com menos dinheiro. Umas sustentando as grifes de luxo, outras as lojas de departamento. No fim, a indústria da moda está toda interligada como uma grande cadeia lucrativa, comandada por meia dúzia de poderosos que dizem o que você vai ou não usar, e ainda mais, ditando o corpo que você precisa ter. O fato é que sem consumidor essa engrenagem não funciona, então, por que não nos posicionarmos de forma mais firme e consciente diante disso? Fica a dica!!!



Fluvia Lacerda - Top Plus brasileira internacionalmente conhecida
Foto: Site vilamulher.com.br

Carla Manso - Modelo e uma das primeiras misses Plus Size.
Foto: Reprodução Facebook



Cleo Fernandes - Primeira Miss Brasil Plus Size
Foto: Blog madama.com.br






Euzinha aqui! ;)
Foto: blog mulherão.com.br

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