Até onde vão os limites dos padrões impostos pela mídia? (Postado originalmente no Blog Vem Garota, no ano de 2013)

     Oi gente, tudo bem? 

     Semana passada falamos de Plus Size, e revirando meu bauzinho de escritos por aqui, achei um texto antiiiigo, que fiz pra um blog/diário que já nem tenho mais. Esse texto é de 2013 (olha há quanto tempo eu já toco nessa tecla...). Pode ser que eu esteja me expondo além da conta, mas não tenho como falar de amor próprio sem falar de mim, sem falar de como eu o conquistei o meu, e principalmente sem falar do caminho que percorri até conseguir. Espero que isso possa ajudar alguém…

“Quando nascemos fomos programadosA receber o que vocêsNos empurraram com os enlatadosDos U.S.A., de nove as seis.Desde pequenos nós comemos lixoComercial e industrialMas agora chegou nossa vezVamos cuspir de volta o lixo em cima de vocês.”

     Começo esse post com um trecho da música Geração Coca-cola, do Legião Urbana, que traduz bem o que quero falar. Sei que o assunto é muito delicado, mas o que escrevo é somente a expressão da minha opinião pessoal, e eu uso como base apenas minha história de vida e minha percepção sobre tudo o que passei.
     É bem por aí que a coisa acontece… A gente cresce ouvindo várias coisas que influenciam diretamente no nosso comportamento. O que devemos fazer, como devemos ser, a maneira que devemos agir, o que podemos comer, o que devemos vestir. Tudo isso é imposto, sugerido ou incitado, seja pela nossa família, seja pela sociedade, e em tempos onde a mídia dita a moda e os padrões, pode ter certeza que isso sempre foi uma das minhas maiores dificuldades.
     Sempre fui gordinha, e passei a infância e adolescência ouvindo que eu devia emagrecer, que o normal era ser magra, que eu não podia me aceitar daquele jeito, que não era possível que uma pessoa se achava bonita sendo gorda. Até que muito preconceito depois, resolvi aderir “a moda” e trouxe essa responsabilidade pra mim. Ser magra virou meu maior objetivo de vida. Eu sempre dizia que podia até morrer, mas morreria magra. E como o destino não poderia ser outro, vieram as neuroses, depressões, bulimias e afins. Fase ruim! Mas o pior é que não foi uma vez só...  Ainda lembro das noites insones, da garganta ferida, da culpa, dos batimentos acelerados, e me lembro mais ainda da dor de não poder dividir isso com ninguém.
     Ter a consciência que tenho hoje sobre mim e sobre o meu corpo não foi nada fácil, e me custou bastante dinheiro, não só com tratamentos falidos para emagrecer, mas também com terapia para me curar dessa doença, para me livrar dessa obsessão. Me aceitar como mulherão, bonita e passível de ser amada não foi muito difícil, mas hoje é a minha realidade. E a questão que lanço hoje é: Até onde vão os limites do que é aceitável, diante da imposição acerca do que é belo, esteticamente falando?
     Na minha opinião, ser bonito é ser feliz, é ser saudável, é a gente se amar do jeitinho que a gente é. Estou acima do meu peso sim, mas sou saudável, sou feliz, sou amada, me amo, e isso é o que importa.
     Na onda do “faça isso, faça aquilo, perca peso tenha estilo” (trecho da música ‘A vida é minha’, do Capital Inicial) tenho visto muitas meninas perdendo a saúde, e até a vida, tentando entrar em um padrão, buscando uma beleza utópica e vazia, deixando pra trás o objetivo maior da vida, que é ser feliz. Viraram escravas dos modismos, e perderam a essência e a personalidade.

Foto: Reprodução Plus Model Magazine
     Essa foto estampou uma das maiores polêmicas relacionadas ao mundo da moda. Nela, a modelo russa Katya Zharkova abraça uma modelo anônima visivelmente abaixo do peso. Com com o título “O que há de errado com elas?”, a matéria abre uma discussão sobre o padrão anoréxico repetidamente visto nos desfiles das mais importantes grifes do mundo. Quero deixar claro aqui, que não faço apologia a obesidade, mas desde que se tenha saúde, o importante é se amar e ser feliz.
     Vejam o video a seguir, e tirem suas próprias conclusões, sobre o que é real, sobre o que lúcido, sobre o que é beleza, só não me peçam pra seguir esse padrão e sofrer tudo de novo.





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